Começo a ter a sensação de que algo está realmente errado.

O momento em A redoma de vidro em que Esther Greenwood percebe, depois de trinta dias com a mesma gola alta preta, que nunca mais quer lavar o cabelo, que a necessidade repetida do ato é demais, que ela quer fazer isso uma vez e acabar com isso, parece a verdadeira epifania do livro. Você sabe que caiu completamente na loucura quando a questão do xampu atingiu níveis filosóficos.

Tudo é plástico, todos nós vamos morrer mais cedo ou mais tarde, então o que isso importa.

Mas eu tive dois meses de folga entre Loser e o início do Prozac Nation. Então, era para ser a hora do Jason, certo? Meu tempo para me divertir longe do cinema.

Preciso daquilo que acontece quando seu cérebro desliga e seu coração liga.

De uma forma estranha, eu me apaixonei pela minha depressão.

Há um momento clássico em ‘The Sun Also Rises’ quando alguém pergunta a Mike Campbell como ele faliu, e tudo o que ele consegue dizer em resposta é: “Gradualmente e depois de repente”. Quando alguém pergunta como perdi a cabeça, é tudo o que posso dizer.

É não-verbal: preciso de amor. Preciso daquilo que acontece quando seu cérebro desliga e seu coração liga. E eu sei que está em algum lugar ao meu redor, mas simplesmente não consigo sentir.

Parecia que esta era uma grande nação Prozac, uma grande confusão de mal-estar. Talvez da próxima vez que meio milhão de pessoas se reúnam para uma marcha de protesto no verde da Casa Branca, não será pelo direito ao aborto ou pela libertação gay, mas porque estamos todos muito chateados.

Essa é a questão da depressão: um ser humano pode sobreviver a quase tudo, desde que veja o fim à vista. Mas a depressão é tão insidiosa e aumenta diariamente que é impossível ver o fim. A neblina é como uma gaiola sem chave.

Às vezes parece que todos vivemos numa nação Prozac. Os Estados Unidos da Depressão.

Um ser humano pode sobreviver a quase tudo, desde que veja o fim à vista!

A América está aterrorizada com a passagem do tempo. Nação Prozac. Terra dos liftings faciais.

Insanidade é saber que o que você está fazendo é completamente idiota, mas ainda assim, de alguma forma, você simplesmente não consegue parar.

Eu sou a garota que está perdida no espaço, a garota que está sempre desaparecendo, desaparecendo para sempre e recuando cada vez mais para o fundo. Porque a cada dia que passa sinto-me cada vez mais invisível

E há meus amigos, e eles têm suas próprias vidas. Embora gostem de conversar sobre tudo, analisar e levantar hipóteses, o que eu realmente preciso, o que realmente procuro, não é algo que eu consiga articular. É não-verbal: preciso de amor. Preciso daquilo que acontece quando seu cérebro desliga e seu coração liga. E eu sei que está em algum lugar ao meu redor, mas simplesmente não consigo sentir.

Achei que a depressão era a parte do meu caráter que me fazia valer a pena. Eu me considerava tão pouco, sentia que tinha tão poucas ofertas para dar ao mundo, que a única coisa que justificava minha existência era minha agonia.

A depressão é muito parecida com isso: lentamente, ao longo dos anos, os dados vão se acumulando em seu coração e em sua mente, um programa de computador para a negatividade total será construído em seu sistema, tornando a vida cada vez mais insuportável. Mas você nem vai perceber que isso está acontecendo, pensando que é de alguma forma normal, algo sobre envelhecer, sobre completar oito ou doze ou quinze anos, e então um dia você percebe que toda a sua vida é simplesmente horrível, não vale a pena. viver, um horror e uma mancha negra no terreno branco da existência humana. Uma manhã você acorda com medo de viver.

Eu não era apenas a louca do sótão – eu era o próprio sótão. O passado estava em cima de mim, embaixo de mim, dentro de mim.

Isso é tudo que quero na vida: que essa dor pareça proposital.

Começo a pensar que realmente não há cura para a depressão, que a felicidade é uma batalha contínua, e me pergunto se não será uma batalha pela qual terei que lutar enquanto viver. Eu me pergunto se vale a pena.

Por que o resto do mundo suporta a hipocrisia, a necessidade de dar uma cara feliz à tristeza, a necessidade de continuar seguindo em frente?… Não sei a resposta, só sei que não posso.

Ninguém que nunca tivesse estado deprimido como eu poderia imaginar que a dor poderia ficar tão forte que a morte se tornaria uma estrela a ser alcançada, uma fantasia de paz algum dia que parecia melhor do que qualquer vida com todo esse barulho na minha cabeça.

É isso que quero deixar claro sobre a depressão: ela não tem nada a ver com a vida. No decorrer da vida, há tristeza, dor e tristeza, todas as quais, no momento certo e na estação certa, são normais, desagradáveis, mas normais. A depressão é uma zona totalmente diferente porque envolve uma ausência completa: ausência de afeto, ausência de sentimento, ausência de resposta, ausência de interesse. A dor que você sente durante uma depressão clínica grave é uma tentativa por parte da natureza (afinal, a natureza abomina o vácuo) de preencher o espaço vazio.

Saudade de casa é apenas um estado de espírito para mim. estou sempre sentindo falta de alguém ou de algum lugar ou de alguma coisa, estou sempre tentando voltar para algum lugar imaginário. minha vida tem sido uma longa saudade.

Frases da Nação Prozac – Parte 2

No meu caso, não fiquei nem um pouco assustado com a ideia de que poderia viver porque tinha certeza, bastante certeza, de que já estava morto.

Começo a sentir que não consigo mais manter a fachada, que posso simplesmente começar a transparecer. E eu gostaria de saber o que estava errado. Talvez algo sobre o quão estúpida é toda a minha vida.

Você sabe que caiu completamente na loucura quando a questão do xampu atingiu níveis filosóficos.

Tentei cuidadosamente evitar usar a palavra ‘loucura’ para descrever minha condição. De vez em quando, a palavra escapa, mas eu odeio isso. “Loucura” é um termo demasiado glamuroso para transmitir o que acontece à maioria das pessoas que estão enlouquecendo. Essa palavra é muito excitante, muito literária, muito interessante em suas conotações, para transmitir o tédio, a lentidão, a tristeza, a umidade da depressão.

Nada em minha vida pareceu desaparecer ou ocupar seu devido lugar no panteão de experiências que constituíram meus dezoito anos. Tudo ainda estava comigo, o espaço de armazenamento em meu cérebro abarrotado de memórias vívidas, empacotadas e empilhadas como fotografias e vestidos velhos na cômoda da minha avó. Eu não era apenas a louca do sótão – eu era o próprio sótão. O passado estava em cima de mim, embaixo de mim, dentro de mim.

Alguns amigos não entendem isso. Eles não entendem o quanto estou desesperado para que alguém diga: eu te amo e te apoio do jeito que você é, porque você é maravilhoso do jeito que é. Eles não entendem que não me lembro de ninguém ter dito isso para mim. Sou tão exigente e difícil com meus amigos porque quero desmoronar e desmoronar diante deles para que me amem, mesmo que eu não seja divertido, deitado na cama, chorando o tempo todo, sem me mover. A depressão tem tudo a ver. Se você me amasse, você o faria.

Desde criança, sou competitivo.