Ao pensar no Distrito Federal, é comum que a primeira imagem que venha à mente seja a de Brasília, a capital moderna e planejada do Brasil, com sua arquitetura icônica e organização urbana singular. No entanto, além da política e da arte arquitetônica, o território do DF também possui riquezas naturais surpreendentes — e entre elas está o ponto mais alto da região, muitas vezes desconhecido pela maioria da população.
O ponto mais alto do Distrito Federal localiza-se no conhecido Pico do Roncador, situado no Parque Nacional de Brasília, também chamado de Água Mineral. Este local atinge uma altitude aproximada de 1.349 metros acima do nível do mar, sendo oficialmente considerado o ponto culminante da unidade federativa. A região faz parte do Planalto Central, um vasto e importante platô que influencia diretamente o clima, os recursos hídricos e a ocupação urbana do Brasil central.
A origem do nome “Pico do Roncador” está relacionada a ruídos causados pelo vento e pela vegetação que produzem um som semelhante a um ronco, principalmente em dias de maior intensidade de ventos. Esse fenômeno deu origem à denominação poética e regional, tornando o lugar ainda mais curioso e atrativo para visitantes e estudiosos.
Geograficamente, o ponto mais alto do DF tem importância não apenas por sua altitude, mas também por sua influência na hidrografia. O Distrito Federal abriga nascentes de importantes bacias hidrográficas brasileiras, como a do Rio Tocantins, do Rio São Francisco e do Rio Paraná. A elevação do terreno em áreas como o Pico do Roncador facilita o escoamento natural das águas, sendo uma peça fundamental para o equilíbrio dos aquíferos e da disponibilidade hídrica da região.
Do ponto de vista ambiental, a altitude elevada contribui para a manutenção de microclimas, variando levemente a temperatura e a umidade em relação a áreas mais baixas. Esse fator favorece uma biodiversidade adaptada às condições específicas de relevo, o que inclui espécies de fauna e flora do cerrado que só se desenvolvem em altitudes maiores. Muitas dessas espécies são endêmicas ou estão ameaçadas de extinção, o que torna o ambiente ao redor do ponto mais alto uma área de preservação prioritária.
Historicamente, o Planalto Central foi escolhido como o local ideal para a construção de Brasília justamente por suas características topográficas, incluindo a altitude. Juscelino Kubitschek e os urbanistas que planejaram a nova capital visavam, entre outros fatores, uma região elevada, com baixa incidência de doenças tropicais e uma localização estratégica no centro do país. A escolha se mostrou acertada do ponto de vista logístico e de salubridade, com o clima ameno e seco durante boa parte do ano, contribuindo para a qualidade de vida dos moradores.
A região do Pico do Roncador, embora não seja altamente explorada turisticamente, atrai caminhantes, ciclistas e amantes da natureza que desejam vivenciar uma experiência diferente no DF. O acesso ao parque exige respeito às normas ambientais, pois se trata de uma unidade de conservação federal. As trilhas, embora não cheguem exatamente ao ponto mais alto com facilidade, permitem vislumbrar as elevações e ter uma noção do relevo característico do planalto. A prática de esportes ao ar livre e a observação de aves e da vegetação típica do cerrado também são atividades comuns e incentivadas no entorno.
Além da importância ecológica, o ponto mais alto do DF tem um valor simbólico. Ele representa os limites extremos da geografia local e, de certa forma, a resistência de ecossistemas nativos frente ao crescimento urbano acelerado da capital. Com a expansão das áreas habitadas e a constante pressão sobre áreas de preservação, manter locais como o Pico do Roncador íntegros se torna um desafio tanto para o poder público quanto para a sociedade.
A conscientização sobre a existência e relevância do ponto mais alto do Distrito Federal pode contribuir para fomentar o turismo ecológico, a educação ambiental e o respeito pela geodiversidade local. Saber que o DF não é apenas concreto e arquitetura, mas também abriga belezas naturais e pontos geográficos extremos, é fundamental para que o senso de pertencimento e responsabilidade ambiental cresça entre os habitantes e visitantes.
Por fim, compreender que a altitude influencia muito mais do que a paisagem é essencial. Ela afeta o regime de chuvas, a temperatura, a distribuição da vegetação e até mesmo a história e a forma como uma cidade é construída. Assim, o ponto mais alto do Distrito Federal deixa de ser apenas uma curiosidade topográfica e passa a ocupar um papel central na leitura geográfica e ecológica da região.
